A dinâmica de preços das commodities agrícolas será um dos grandes pontos de atenção para produtores em 2026, e Aldo Vendramin, empresário e fundador, expõe que entender a relação entre mercado interno, mercado externo e riscos climáticos deixou de ser opcional. Em um cenário de volatilidade, custos elevados e eventos climáticos extremos mais frequentes, a capacidade de leitura desses fatores é decisiva para proteger margens, planejar investimentos e definir estratégias comerciais mais seguras. Portanto, quem acompanha apenas o preço do dia, sem olhar o contexto global e climático, corre mais riscos de tomar decisões impulsivas e prejudiciais ao negócio.
Então como elucida Aldo Vendramin, produtores que buscam se preparar melhor para 2026 devem investir em informação de qualidade, gestão de risco e planejamento comercial, reduzindo a exposição à volatilidade dos preços e aos impactos do clima sobre suas safras.
Venha ter mais conceitos para se preparar para o ano de 2026 no mercado das commodities e compreender como elas funcionam.
Como o mercado externo influencia diretamente o preço das commodities
O mercado externo é um dos principais formadores de preço para grãos, fibras e proteínas, já que boa parte da produção brasileira é exportada. Cotações internacionais, demanda de grandes compradores, estoques globais e taxas de juros em economias centrais influenciam diretamente o valor recebido pelo produtor. Quando há aumento da demanda mundial por soja, milho ou carne, por exemplo, a tendência é de valorização nas bolsas internacionais, o que se reflete nos preços internos.

Aldo Vendramin apresenta que entender essa correlação ajuda o produtor a perceber que não é apenas a safra local que importa, mas também o comportamento de outros players globais. Movimentos cambiais também têm grande peso. Um real mais desvalorizado frente ao dólar tende a favorecer exportações, pois torna o produto brasileiro mais competitivo lá fora e aumenta a rentabilidade em moeda local.
Por outro lado, um câmbio mais apreciado pode pressionar margens, especialmente em momentos de queda das cotações internacionais. É por isso que produtores atentos acompanham não apenas o preço da saca, mas as notícias econômicas globais, decisões de bancos centrais e mudanças na política comercial de países importadores.
Mercado interno, custos de produção e consumo doméstico
O mercado interno também exerce influência relevante sobre os preços das commodities, principalmente pela via dos custos de produção e do consumo doméstico. Fertilizantes, defensivos, sementes, combustíveis e energia compõem uma parte significativa do custo por hectare, e sua variação impacta diretamente a rentabilidade. Mesmo que o preço de venda se mantenha estável, um aumento expressivo nos custos pode reduzir a margem do produtor de forma preocupante. O senhor Aldo Vendramin ressalta que, em muitos casos, a gestão de custos é tão estratégica quanto a busca por melhores preços na hora de comercializar a produção.
O consumo interno, por sua vez, se manifesta em setores como alimentação, ração animal, biocombustíveis e indústria de transformação. Quando a economia cresce, aumenta a demanda por alimentos, proteína animal e derivados, o que tende a sustentar parte dos preços, mesmo que o cenário internacional esteja mais pressionado.
Da mesma forma, políticas públicas de incentivo a biocombustíveis podem influenciar o destino de culturas como cana-de-açúcar, milho e soja, alterando a oferta disponível para outros mercados. Para o produtor, compreender essas relações ajuda a planejar melhor contratos, prazos de entrega e oportunidades de venda.
Riscos climáticos e seus efeitos sobre oferta, preço e planejamento
Os riscos climáticos figuram entre os maiores pontos de atenção para o agronegócio em 2026. Eventos como secas prolongadas, excesso de chuvas, ondas de calor e geadas atípicas podem comprometer a produtividade, alterar o calendário de plantio e colheita e, em casos extremos, reduzir drasticamente a oferta de determinados produtos.
Quando isso ocorre em escala regional ou global, ocorre um efeito direto sobre os preços, que tendem a subir em função da escassez. Segundo Aldo Vendramin, esse movimento pode até gerar boas oportunidades de preço, mas à custa de maior risco produtivo, o que exige cautela e preparo.
Além do impacto sobre a quantidade produzida, o clima influencia a qualidade dos grãos, da fibra ou da matéria-prima, o que também afeta a precificação. Lotes com menor padrão podem ser desvalorizados, mesmo em cenários de preços elevados. Por isso, estratégias de convivência com o clima, como manejo adequado do solo, escolha de cultivares mais resistentes, sistemas de irrigação e plantio escalonado, ganham ainda mais relevância. Em um contexto de incerteza climática, planejar apenas com base em médias históricas já não é suficiente.
Estratégias de gestão de risco para produtores em 2026
Diante de tantas variáveis, a gestão de risco passa a ser parte central da rotina do produtor. Ferramentas como travas de preço, contratos futuros, opções e seguro rural contribuem para reduzir a exposição a oscilações abruptas. A lógica é simples: abrir mão de uma parte da possível alta para garantir previsibilidade mínima de receita, evitando que quedas bruscas comprometam a saúde financeira da propriedade. Aldo Vendramin evidencia que o produtor que entende essas ferramentas não está “apostando”, mas construindo proteção para o seu negócio.
Outra estratégia importante é a diversificação. Distribuir a produção entre culturas diferentes, épocas de plantio variadas e mercados distintos (interno e externo) dilui os riscos e aumenta a chance de resultados positivos em cenários adversos. A combinação entre informação, análise de mercado, apoio técnico e planejamento financeiro permite decisões mais racionais, baseadas em dados, e não apenas na percepção do momento.
O papel da informação e da profissionalização na tomada de decisão
Em um ambiente complexo como o de 2026, a intuição por si só já não é suficiente. A profissionalização da gestão, com acompanhamento regular de relatórios de mercado, boletins climáticos, análises econômicas e consultorias especializadas, torna-se um diferencial.
Produtores que acompanham indicadores, participam de redes de informação e mantêm diálogo constante com cooperativas, tradings e técnicos tendem a tomar decisões mais sólidas. Aldo Vendramin destaca que informação de qualidade é um insumo tão importante quanto semente, fertilizante ou maquinário.
Ao combinar leitura de mercado interno e externo com atenção aos riscos climáticos, o produtor consegue estruturar estratégias de médio e longo prazo, reduzindo o peso das decisões de última hora. Nesse contexto, o agronegócio que se prepara, planeja e se protege tende a atravessar períodos de volatilidade com mais resiliência, mantendo sua capacidade de investir, inovar e crescer, mesmo em cenários desafiadores.
Autor: Vladimir Shestakov
