Leonardo Manzan comenta que debater incentivos fiscais regionais e a reforma tributária, e o futuro dos benefícios no Brasil, é crucial para compreender os impactos que as mudanças no sistema tributário poderão trazer para o desenvolvimento econômico de diferentes regiões do país. Desde a década de 1960, instrumentos de benefícios fiscais têm sido utilizados por Estados e municípios como estratégia para atrair empresas, estimular investimentos e reduzir desigualdades regionais.
Contudo, a proposta de reforma tributária levanta dúvidas sobre a continuidade desses incentivos e gera preocupação em diversos setores produtivos e governadores, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Incentivos fiscais regionais e a reforma tributária: futuro dos benefícios no Brasil
Conforme explica o Dr. Leonardo Manzan, incentivos fiscais regionais consistem em benefícios como redução e isenção de tributos estaduais ou federais, créditos presumidos, diferimentos ou regimes especiais de tributação. Essas medidas têm o objetivo de diminuir desigualdades regionais, promover industrialização e gerar empregos em áreas historicamente menos desenvolvidas.
No entanto, a unificação de tributos sobre o consumo proposta pela reforma tributária, através do IBS e da CBS, poderá eliminar a autonomia dos Estados para conceder benefícios individuais, transferindo a gestão de incentivos para o Conselho Federativo ou para o governo federal, o que altera completamente a lógica atual.
Riscos para o desenvolvimento regional
Segundo evidencia Leonardo Manzan, muitas empresas instalaram suas operações em determinadas regiões exclusivamente em razão de incentivos fiscais, calculando toda a viabilidade do investimento com base nesses benefícios. A retirada abrupta desses estímulos pode comprometer negócios, provocar fechamento de unidades produtivas e aumentar o desemprego em áreas que ainda lutam contra a falta de infraestrutura e baixo poder aquisitivo da população.
Há também um risco político elevado, pois Estados mais dependentes dos incentivos temem perder competitividade para regiões mais ricas, aprofundando desigualdades sociais e econômicas já existentes no Brasil.

Transição e preservação de direitos adquiridos
Leonardo Manzan também observa que, além do risco econômico, há questões jurídicas relevantes relacionadas à transição. Um ponto delicado envolve o respeito aos direitos adquiridos por empresas que já contam com incentivos fiscais formalizados em contratos ou leis estaduais. Se não houver regras claras para o período de adaptação, é provável que ocorram litígios judiciais para assegurar a manutenção dos benefícios ou para buscar indenizações por perdas financeiras.
Outro desafio está na regulamentação futura sobre quais setores ou regiões continuarão a ter tratamento diferenciado, algo que ainda não foi totalmente definido nos textos da reforma tributária em discussão.
Boas práticas para empresas
Nesse cenário, o tributarista Leonardo Manzan acrescenta que é recomendável que empresas que hoje se beneficiam de incentivos fiscais façam um levantamento detalhado dos benefícios vigentes, revisem contratos e simulem o impacto financeiro de uma possível perda desses estímulos. Além disso, manter diálogo constante com entidades de classe e acompanhar de perto o andamento da reforma tributária são atitudes fundamentais para antecipar medidas e reduzir riscos.
Buscar assessoria especializada para revisar cláusulas contratuais e preparar defesas jurídicas, caso se façam necessárias, também é uma estratégia prudente.
Caminhos possíveis para o futuro dos benefícios
Leonardo Manzan salienta que a tendência é que o Brasil busque um modelo que permita algum grau de regionalização dos benefícios, mas de forma controlada e dentro de regras nacionais. Instrumentos como fundos de desenvolvimento regional ou créditos tributários compartilhados podem surgir como soluções para compensar a perda da autonomia estadual, mas ainda há muitas incertezas sobre os detalhes desse novo desenho.
Entender incentivos fiscais regionais e a reforma tributária, e o futuro dos benefícios no Brasil, tornou-se essencial para empresas, governos estaduais e profissionais que atuam no setor tributário. Portanto, Leonardo Manzan conclui que o desafio é equilibrar a desejada simplificação do sistema tributário com a necessidade de promover desenvolvimento econômico equilibrado em todas as regiões do país.
Autor: Vladimir Shestakov