Em 2025, a tecnologia e a inovação prometem transformar os mercados de música e arte de maneiras significativas. O Brasil ocupa a 50ª posição no Índice Global de Inovação (IGI) de 2024, refletindo um cenário em que os avanços tecnológicos estão moldando a forma como a música e a arte são criadas, produzidas e distribuídas. Essa evolução não apenas impacta os artistas, mas também redefine a experiência do público, criando novas oportunidades e desafios.
Nos últimos anos, a tecnologia deixou de ser uma mera ferramenta auxiliar e se tornou um pilar central na criação artística. A inteligência artificial (IA) é um exemplo claro desse fenômeno, sendo utilizada por diversos artistas para potencializar seus processos criativos. A adoção de ferramentas tecnológicas tem permitido que músicos e artistas explorem novas dimensões em suas obras, ampliando as possibilidades de expressão e inovação.
A criação e produção musical têm sido profundamente influenciadas pela IA. Artistas como Charlie Engman, Marie Laffont e Ceren Arslan já utilizam essa tecnologia como aliada em suas criações. Um estudo realizado pela distribuidora Ditto Music revelou que cerca de 60% dos artistas independentes incorporam a IA em seus projetos. Além disso, 76,5% dos entrevistados afirmaram que utilizariam ferramentas de IA para criar a arte de seus álbuns, demonstrando a crescente aceitação dessa tecnologia no setor.
No Brasil, a utilização de IA também está em ascensão. Uma pesquisa da Ipsos e do Google, que entrevistou 21 mil pessoas em 21 países, mostrou que 54% dos brasileiros relataram ter utilizado IA generativa em 2024, superando a média global de 48%. Essa tendência indica que, em 2025, o uso de IA e ferramentas de software continuará a crescer, permitindo que artistas e músicos explorem novos territórios criativos e inovadores.
A distribuição de música e arte também está sendo transformada pela tecnologia. Serviços de streaming, como Spotify e Netflix, tornaram-se os principais meios de acesso ao entretenimento, democratizando o consumo cultural. Um estudo da International Federation of the Phonographic Industry (IFPI) revelou que 62% do consumo de música global ocorre por meio de streaming, proporcionando uma plataforma para artistas emergentes que antes não tinham espaço para se destacar.
A interatividade entre o público e as obras de arte é uma tendência crescente, possibilitada pela tecnologia. Lúcia Ferreira, professora do Departamento de Artes e Design da Universidade de São Paulo (USP), destaca que a tecnologia permite uma nova forma de percepção e apreciação artística. Exposições em museus, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), têm utilizado realidade virtual (RV) e aumentada (RA) para criar experiências imersivas, permitindo que os visitantes interajam de maneira mais profunda com as obras.
Entretanto, a inovação também traz preocupações para os artistas. No final de 2024, a cantora Anitta alertou sobre o uso da IA para imitar artistas, destacando os riscos associados a essa tecnologia. A capacidade de reproduzir vozes e personalidades de cantores levanta questões sobre a autenticidade e os direitos dos artistas. Esse tema já é objeto de debate entre músicos, especialmente em relação à divulgação de canções geradas por IA.
Um grupo de 200 músicos, incluindo nomes como Katy Perry e Billie Eilish, assinou uma carta aberta pedindo proteção contra o uso predatório da inteligência artificial. Eles apelam para que as empresas de tecnologia respeitem a criatividade humana e evitem subestimar o valor da expressão artística. À medida que a tecnologia avança, será crucial encontrar um equilíbrio entre inovação e proteção dos direitos dos artistas, garantindo que a criatividade continue a prosperar em um ambiente em constante mudança.